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Archive for agosto 2013

Evidenciando o Reino de Deus através da pobreza de espírito(Contracultura)

By : Kadu
Por onde andarmos e pra onde olharmos veremos incitações veementes contra o Reino de Deus e, assim mesmo, nos omitimos dessa "guerra" e dançamos conforme a música.
Faça um exercício e por onde passar hoje observe os outdoors, as placas e anúncios das lojas ao redor, tente (sem ser inconveniente) escutar algumas conversas ao seu redor. Depois reflita pra onde, invariavelmente, tudo isso aponta. Facilmente observará que muito, mas muito mesmo, se é dedicado à promoção de si mesmo, ao enriquecimento vaidoso, ao narcisismo, ao culto do "meu".
Agora, infelizmente, faça outro exercício, caminhando próximo a igrejas e "crentes" pra ouvir e ver o que pensam, o que dizem e atrás do quê tem corrido. Travestido de "gospel" você encontrará o mesmo fim: o eu, o meu!
Afinal, é uma "derrota" muito grande ser encontrado fora dessa "roda" hoje em dia. Por isso até mesmo os "crentes" tem que se propor a entrar nessa. Afinal, "temos que estar sintonizados com o mundo ao nosso redor".
Desculpas são das mais variadas...
E é claro que dou um "desconto" praqueles que não se declaram cristãos, por que ao menos são coerentes com seus maus pensamentos, mas dedico essa reflexão aos que se dizem cristãos mas tem caminhado num caminho que não é o Caminho, entende? Esses, que deveriam evidenciar o Reino de Deus, pensam que o estão promovendo através dessa cultura do eu, da prosperidade material, cultura do "pedestal", do estar acima dos outros, da cabeça e não da cauda. Porque ainda não entenderam que não é demonstrando para o mundo uma riqueza que o mundo pode conquistar que de fato estarão demonstrando a riqueza do Reino de Deus, de se pertencer a esse Reino.
Como essa maneira de pensar tem adentrado os círculos e ambientes "cristãos", temos visto que a manipulação dos termos, e consequentemente da mentalidade, tem sido cada vez pior. Um exemplo simples é que, como já escrevi, dentro das igrejas ainda se busca o reino, mas o reino do eu, da riqueza, da prosperidade material (e a qualquer cu$to). "O importante é estarmos promovendo a igreja", dizem, sem perceberem que essa igreja é aquela com "i" minúsculo. Essa igreja com "i" minúsculo infelizmente não tem tido parte no Reino de Deus, mas num reinado só dela.
Se essa igreja lesse mais vezes e estudasse com profundidade o sermão do monte, proferido pelo próprio Cristo, talvez algumas dessas idéias absurdas seriam deixadas de lado. 
Talvez, a se deparar com um simples (mas poderoso) verso que diz que é dos "pobres (humildes)" de espírito o Reino, finalmente parariam e cantariam uma canção nada gospel (segundo a "roda" atual do movimento gospel): "Nada em minhas mãos eu trago, simplesmente à tua cruz me apego; nu, espero que me vistas; desamparado, aguardo a tua graça; mau, à tua fonte corro; lava-me, Salvador, ou morro."
Talvez passaríamos a olhar menos pra nós mesmos e mais para os outros. Ou, ainda olharíamos constantemente pra nós mesmos, mas com as lentes corretas de quem somos, como o publicano que clamava de cabeça baixa: "Deus, tem misericórdia de mim, pecador!"
Pensaríamos mais como Calvino: "Só aquele que, em si mesmo, foi reduzido a nada, e repousa na misericórdia de Deus, é pobre de espírito".
Devemos caminhar no oposto dessa cultura do eu, do meu, ainda que tenhamos que ser contra várias coisas dentro de nossos próprios círculos "cristãos", dentro de nossos cultos e nossas igrejas. Afinal, não é só fora desses círculos que vemos isso ocorrendo (a promoção do reino "meu"), mas bem mais perto de nós..., até mesmo dentro de nós!
Pra enriquecer essa breve reflexão, cito um trecho do livro que atualmente estou lendo, Contracultura Cristã, do John Stott: "... bem no começo do Sermão do Monte, Jesus contradisse todos os juízos humanos e todas as expectativas nacionalistas do reino de Deus. O reino é concedido ao pobre, não ao rico; ao frágil, não ao poderoso; às criancinhas bastante humildes para aceitá-lo, não aos soldados que se vangloriam de poder obtê-lo através de sua própria bravura. Nos tempos de nosso Senhor, quem entrou no reino não foram os fariseus, que se consideravam ricos, tão ricos em méritos que agradeciam a Deus por seus predicados: nem os zelotes, que sonhavam com o estabelecimento do reino com sangue e espada; mas foram os publicanos e as prostitutas, o refugo da sociedade humana, que sabiam que eram tão pobres que nada tinham para oferecer nem para receber. Tudo o que podiam fazer era clamar pela misericórdia de Deus; ele ouviu o seu clamor."
A grande consequência de se passar a pensar assim é a mudança completa de mentalidade em relação a nós mesmos (somos pobres, cegos e nus, dependentes totalmente de Cristo e da sua graça), às pessoas ao nosso redor (que são tão iguais a nós, nem mais, nem menos) e ao próprio Deus (que não é nosso "bichinho virtual" ou marionete manipulável, mas o grandioso e eterno Deus, que desceu com graça e compaixão e nos alcançou, por Ele mesmo!). 
Tudo estará no seu devido lugar..., isso é o Reino de Deus: tem um Rei, que reina, e tem aqueles que humildemente se rendem a esse governo porque entendem o amor com que esse Rei reina e trata seu povo, e sabem que recebem as benesses desse Rei de graça, sem merecer; e existem os que não se deixam governar porque ainda não compreenderam essa graça, esse amor e essa justiça do grande Rei, os quais devemos alcançar pelo testemunho evidenciado em nosso meio da melhora integral da vida daqueles que adentram esse reinado. E só evidenciamos isso quando não fazemos por merecer (pois é precisamente isso que afasta as pessoas do conhecimento do Rei e de seu reinado), mas vivendo a vida em humildade (pobreza) de espírito, conscientes de nós mesmos e debaixo de sua Graça!

O primeiro Amor que amou primeiro...

By : Kadu
reflexão baseada nos seguintes trechos: Apocalipse 2:1-7; Lucas 10; 1 João 4; Mateus 7:21-23; Lucas 2:41-50.


Tenho visto a crise que vivemos em nosso cristianismo atual. É tanta vaidade, tanto "achismo", tanto despreparo, tanto "tiro no escuro" (pelos muitos trabalhos, obras, eventos e agendas lotadas), porém o resultado real e duradouro não surge.
E não digo isso de gente desinteressada, que não busca relevância, mas de gente que de certo modo busca fazer alguma coisa, algum tipo de diferença. O que acontece é que em algum momento aconteceu a grande queda que reverteu todo bom trabalho, toda boa motivação em algo estranho ao próprio Cristo, mesmo fazendo tudo "em seu nome".
Quando a igreja de Éfeso é alertada, em Apocalipse, sobre algo que deveria ouvir do Espírito, o fato é exatamente esse. Jesus diz praquela igreja que a conhece, que sabe do trabalho árduo dela, sabe de como ela sempre resistiu à mentira e aos mentirosos. Imagina só, isso é um elogio e tanto. Hoje tomamos por certo tudo o que fazemos quando recebemos elogios como esses. Se você, seu ministério ou sua igreja recebesse uma mensagem dessa do próprio Cristo, como ficaria seu coração?
Creio que muitas igrejas e ministérios hoje tem ouvido essa parte da mensagem do Espírito e tomado para si, porém ignorando o que o Espírito continuou dizendo para os efésios, com muita graça: "tenho, porém, contra ti..."!
A pergunta é se nós hoje estamos dispostos a ir um pouco além e ouvir o "porém" do Espírito. E não só ouvir, mas atentar pra isso.
Quando Cristo envia os setenta discípulos pra irem falar sobre as boas novas, Ele os enche de autoridade pra isso. E quando voltam, passam um relatório animador, cheio de vitórias, fruto de seus trabalhos árduos, em nome de Jesus. Eles dizem que até mesmo os demônios se submetem a eles no nome de Cristo..., isso é fantástico. Talvez uma marca da aprovação do ministério e trabalho deles. Porém, o que Cristo diz ali, soa como o que Ele diria mais tarde, para a igreja de Éfeso: "eu sei de tudo isso meus queridos, eu via satanás caindo do céu como um relâmpago..., eu mesmo dei essa autoridade pra vocês..., eu sei do que são capazes em meu nome..., PORÉM, não deve ser esse o motivo da alegria e do contentamento de vocês. Se alegrem porque o nome de vocês está escrito nos céus. Se alegrem não por algo que vocês estão fazendo, mas por algo que EU JÁ FIZ por vocês".
Creio que a raiz da grande maioria das crises que passamos atualmente tem a ver com esse fato que Cristo quer nos alertar: não se trata de nós, mas de Deus!
Não se trata de nossa autoridade, de nosso trabalho, de nossas grandes ou pequenas obras. Não se trata de nossas responsabilidades assumidas, de nossas renúncias, de nossas ofertas de amor. Não se trata de nosso jejum, de nossa oração, de nossa devoção, de nosso louvor, de nosso choro ou riso. Não se trata de nossas viagens missionárias, de nosso esforço, de nosso suor, de nosso trabalho árduo. Não se trata de nossa resistência aos homens maus e mentirosos. Não se trata de nós..., se trata de Deus!
À igreja de Éfeso, Jesus disse que apesar de todo o trabalho, de reconhecer o esforço daquela comunidade, eles haviam esquecido de algo essencial: o primeiro amor. O recado é claro: volta! Lembra de onde foi que caiu, de quando foi que o trabalho deixou de ser resultado do amor de Deus, que nos amou primeiro...
Até mesmo nosso amor por Cristo, não se trata de nós..., porque Ele nos amou primeiro! E nós só o amamos porque Ele nos amou primeiro!
Outro texto que me lembro aqui é de quando os pais de Jesus o esqueceram em Jerusalém. Pensa comigo, como é possível alguém esquecer o próprio Cristo numa viagem. Ainda mais ele sendo uma criança ainda..., ainda mais eles sendo seus pais! A resposta que mais se encaixa ali é que seus pais estava tão acostumados com sua presença, com caminhar com Jesus que acabaram por não dar a devida importância a sua presença com eles..., pelo costume, por aquilo que era normal, continuaram a caminhada e Jesus os acompanharia. Nem perceberam que Jesus havia ficado lá.
Assim somos nós com nossos trabalhos, nossas boas obras, nossos ministérios. Acabamos por "esquecer" o primeiro amor pelo costume, pela normalidade da vida na caminhada cristã. Quando deixamos de lado a novidade de vida, dia após dia, de se andar com Cristo, podemos estar fazendo o trabalho de Cristo sem Cristo. Quando deixamos de lado aquilo que tínhamos quando nos apaixonamos por Cristo, quando compreendemos sua paixão por nós e recebemos seu amor para depois o amarmos e assim ver as obras como resultado disso, acabamos por esquecer Jesus e continuar a "caminhada cristã".
Porém...
Temos que voltar...
E a crise está aí. A grande maioria ou não quer voltar, ou não reconheceu ainda estar caminhando sem o Caminho.
O problema da volta é que deve haver o reconhecimento, a confissão, o arrependimento. Os pais de Jesus tiveram que viajar de volta e procurar por 3 dias pra chegar até ele. Quando o encontraram ainda tomaram uma boa bronca, ali não do filho deles, mas do Filho do Pai que nele estava. Isso dói, ainda que seja amor, não é fácil.
Já o problema daqueles que ainda nem reconheceram caminhar com Cristo..., bom, pode ser que cheguem no momento de estarem diante de Cristo e ouvirem um "não os conheço", apesar de dizerem: "mas em teu nome expulsamos demônios e fizemos sinais e maravilhas". Que seus ouvidos sejam abertos antes, pra ouvirem o que o Espírito tem a dizer.
O bom é que quando reconhecemos isso, que não se trata de nós mas de Deus, muito dessa crise é superada. Já não vamos mais aos cultos por nós mesmos, por nossa vaidade, nosso egoísmo. Já não buscamos com toda nossa força recebermos bençãos e mais bençãos. Já não corremos atrás dos milagres. Já não desejamos tanto assim as mãos que cumprem as promessas feitas a "mim". Já não cantamos 80% das músicas gospel nacionais. Já não investimos nosso dinheiro em coisas que passam ou que tem tanta importância quanto um ar-condicionado ou um banco acolchoado. Já não ficamos em crise quando o pastor não nos visita 5 vezes por semana. Não culpamos Deus por não conseguirmos um emprego, uma cura ou qualquer coisa. Não manipulamos pessoas para nosso benefício pessoal. Não seremos tão paternalistas e ditadores em nossa liderança. As agendas ministeriais não tomarão conta de tudo, deixando em segundo plano o que é mais importante, como a família por exemplo. Não nos vangloriaremos de resultados numéricos. Não disputaremos membros com outros ministérios. Na verdade, nem mesmo fecharíamos paredes e portas pra delimitarmos nosso território ministerial ou eclesiástico.

E aí, o resultado é o amor. O primeiro amor. O Amor que vem primeiro! O amor que resulta em trabalho. Um trabalho totalmente altruísta, em forma de serviço, em benefício do Reino do Rei de Amor. Porque, de fato, já não se trata de nós, mas única e exclusivamente de Deus!

Cruz, sofrimento e espiritualidade

By : Kadu
“...Cristo crucificado, escândalo para os judeus, loucura para os gentios.” (1Co 1.23).

Vivemos numa sociedade que abomina a realidade do sofrimento. Por todos os meios tenta negar a sua existência. Muitos são os meios empregados, desde a alienação das drogas lícitas e ilícitas, às técnicas psicológicas e às indústrias do cosmético e entretenimento. Também religiões tradicionais falam do absurdo do sofrimento como uma contradição da existência humana em face de seu propósito em ser feliz. 

A cultura contemporânea acusa o Cristianismo de ter glorificado o sofrimento, dizem que não faz bem para a alma ser confrontada, por meio da cruz, com os lados desagradáveis da vida. Por isso, infelizmente, no contexto cristão, ou pelo menos, que se faz passar por cristão, não poucas expressões eclesiásticas também anatematizam o sofrimento e a imagem da cruz. Reputam o sofrimento sempre como uma ação demoníaca, ou na maioria das vezes, oprimem os fieis reputando à falta de fé e de obediência à Deus o sofrimento experimentado. Claro, os demônios tem poder limitado e limitada liberdade para impingir certos tipos de sofrimentos. A incredulidade e a desobediência também trazem consigo os sofrimentos que lhes são próprios. Mas, o fato é que, o sofrimento faz parte da contingência humana. 

Todos seremos acometidos pelo “absurdo” do sofrimento, da contradição unilateral dos elementos desta existência que escapam à nossa vontade ou controle. Se o sofrimento fosse apenas uma simples questão de falta de fé ou desobediência, o que teríamos a dizer de Paulo, Estêvão, Pedro e todos os mártires que regaram o chão da Igreja com o seu sangue? 

Precisamos redescobrir a espiritualidade da cruz como linguagem para entender e integrar o sofrimento como parte essencial na formação de nosso caráter, mas também como marca de genuinidade de nossa fé vivida na contramão dos valores e das medidas deste mundo. Os cristãos antigos perguntavam menos pela razão do sofrimento. Para eles, fazia parte de sua existência no mundo. Mas eles viam na cruz uma ajuda para passar pelo sofrimento sem perecer. A cruz os fortalecia e lhes dava a esperança de que não haveria sofrimento definitivo. 

Ainda que a cruz termine na morte, ela aponta para a ressurreição, para a transformação do pior sofrimento possível em nova vida, em vida indestrutível. Assim entendemos que o sofrimento entendido na perspectiva da cruz de Cristo é a realidade que cruza e contraria diariamente nosso caminho e nossa vida para quebrar as ideias erradas que construímos em relação a nós mesmos, corroborando assim para a nossa maior identificação com Cristo. É aquela nova criação para a qual valem outras medidas, que não as de uma existência puramente mundana, que precisa se orientar pelas leis desumanas deste mundo caído. 

O mundo, com suas medidas e seus parâmetros de desempenho, reconhecimento e felicidade, já não tem poder sobre nós. O sofrimento recebido na sabedoria da cruz é um sinal da graça de Deus e um protesto contra as nossas tentativas de redimir-nos a nós mesmos e de comprar a nossa salvação com o desempenho próprio. O sofrimento nos coloca em nosso lugar: criaturas incapazes que dependem da Graça de Deus. Se não fossem as contradições da vida e se tudo fosse só sucesso, facilmente nos idolatraríamos a nós mesmos, como tantos fazem por aí, como “Narcisos” incensando a própria vaidade. 

Por mais absurdo que possa soar aos nossos ouvidos aburguesados, a espiritualidade da cruz é a chave para a verdadeira vida. Longe de nós desejarmos o sofrimento, ou atraí-lo, ou produzi-lo gratuitamente (isto seria uma blasfêmia e negaria a própria verdade e utilidade da cruz no gracioso plano redentor do Pai). Mas longe de nós também negar ou não acolher a realidade do sofrimento, categorizando-o como absurdo. 

Aprendamos dos antigos cristãos: 

“Teu Senhor não foi pregado no poste da cruz? Tu deves imitar o teu Senhor! Se amas teu Senhor, então morre a mesma morte que ele e faze o caminho do apóstolo: ‘O mundo foi crucificado para mim, e eu para o mundo.’ (Gl 6.4). Por mundo entenda: elogio humano, poder e sucesso exterior, fama, riqueza, luxúria, bebedices e glutonerias, fofocas e maledicências...Crucifica-te para estas coisas” (João Crisóstomo). 

“E, assim, quando sofrer, que seja por fazer o bem, ou, para te fazer bem” (Tertuliano). 

Não existe Cristo sem crucificação. Não existe cristão sem Cruz!

Nos laços da cruz gloriosa,

_______
Rev. Luiz Fernando dos Santos é pastor-mestre da Igreja Presbiteriana Central de Itapira (SP). 
Texto originalmente publicado no site da Ultimato (http://www.ultimato.com.br/conteudo/cruz-sofrimento-e-espiritualidade?__akacao=1540896&__akcnt=67e99683&__akvkey=8e4d&utm_source=akna&utm_medium=email&utm_campaign=Newsletter+%DAltimas+164+-+13%2F08%2F2013)

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