Posts mais vistos

Archive for janeiro 2012

A parábola do Homem que Cura

By : Kadu

Muitos anos atrás, um bebê nasceu na pequena cidade mexicana de Hopi. O povo da cidade tinha esperado aquele nascimento com muito interesse, uma vez que o bisavô era irlandês, e a bisavó, negra; o avô era mexicano, e a avó crioula; o pai era meio-índio, e a mãe, espanhola. O pequeno bebê tinha uma ascendência bastante mestiça e, por conseguinte, uma cor engraçada: uma mistura de branco e ouro, caramelo e café. Não sabendo como chamá-lo, seus pais, por fim, lhe deram o nome de Willie. Logo após o nascimento ele sofreu de pólio e ficou parcialmente paralisado do lado esquerdo.
Willie aprendeu cedo que as crianças podem ser muito cruéis com o que não compreendem. Na escola, riam de sua cor maluca, puxavam seu cabelo cor ocre e, às vezes, chutavam sua perna coxa. Quando as crianças brincavam de cabo-de-guerra na festa da igreja, os colegas de sua equipe soltavam repentinamente a corda de forma que só Willie era arrastado para a poça de lama. Mais tarde, na corrida de carrinho de mão, seu parceiro jogou Willie numa espinheira de pontas muito afiadas.
Naquela noite, a mãe de Willie deu-lhe um banho depois de ter retirado todos os espinhos e esfregou o corpo dolorido com o calmante óleo de babosa. Conforme ele adormecia, a mãe o acariciava com ternura e lhe falava mais uma vez, como fizera tantas vezes antes, sobre o grande El Shaddai e seu amor pelas criancinhas, como elas corriam para ele e nunca o queriam deixar.
Como o grande dia da festa religiosa se aproximava, Willie trabalhou duro em sua tarefa de alimentar Macho, o jumento do vilarejo, para juntar dinheiro. Na noite da festa, ele coxeou ansiosamente para a praça da vila onde todos estavam reunidos para a celebração. Os olhos dançavam enquanto via as barracas de algodão-doce, as belas senhoras em saias rodadas arqueadas, os cavalos do carrossel num sobe e desce, os sombreiros enfeitados dos homens, usados somente uma vez por ano, o palhaço colorido no terno listrado fazendo graça.
Willie estava perambulando, decidindo como gastar suas magras economias (se numa tortilla ou num tamale), quando seus olhos se depararam com uma velha carroça de madeira. Em um letreiro pendurado se lia: "O grande show dos remédios". Quando Willie cautelosamente se aproximou, de repente o coração subiu pela garganta. Um homem alto, magro, ossudo, apeou da carroça, estendeu seus braços e preparou-se para falar.
Foi quando ele olhou diretamente para Willie. Sua face era castigada pelo sol, mas que olhos! Eles eram tristes, porém tão penetrantes, suaves e amáveis. O coração de Willie lhe disse imediatamente quem era esse homem. "É El Shaddai", gritou Willie. O homem que cura sorriu. Sua face resplandeceu como um raio de sol e seus olhos dançaram alegremente.
- Aqui, irmãozinho - disse o homem.
Ele deu a Willie uma garrafa cheia de um líquido laranja brilhante.
- Esfregue três gotas sobre o coração toda noite, e coisas maravilhosas acontecerão a você.
Willie mexeu em seu bolso, pronto para oferecer tudo o que tinha por aquela garrafa, mas o homem disse:
- O que recebi gratuitamente, devo dar gratuitamente.
O homem sentou-se na carroça. Willie aproximou-se e timidamente perguntou:
- O conteúdo da garrafa vai endireitar minha perna torta senhor, e fazer minhas manchas desaparecerem?
O homem que cura o pegou e sentou sobre os joelhos. Willie agora estava assustado. Ele tinha medo de que o homem, quando visse sua pele de perto, risse como faziam todos os aldeões que o haviam apelidado "Truta Malhada".
Willie não estava preparado para o que aconteceria a seguir. O homem abraçou a cabeça do menino ao encontro do próprio coração. Ali estava tão quente e calmo que Willie pensou na lareira da sala da pequena casa onde vivia. Então sentiu gotas de chuva em sua cabeça e levantou os olhos para ver as lágrimas de compaixão caindo dos olhos do homem. Willie pensou imediatamente em sua mãe. Mas até mesmo por ela, o menino nunca havia sido amado assim.
- Irmãozinho, qual é o seu nome?
- Willie.
A cabeça do menino de forma alguma se desgrudava do peito do homem, e ele ainda a apertava a garrafa na mão.
- Meu remédio é tão poderoso, Willie, que não somente vai endireitar sua perna, mas endireitará todos os caminhos sinuosos e todos os corações tortuosos. Cada vale de dor será aterrado e cada montanha de orgulho, aplainada, e toda a humanidade verá a salvação de Deus.
Ele tocou o cabelo cor de ocre de Willie e o beijou levemente na testa.
- Você gostaria de compartilhar meu jantar comigo, Willie?
Em toda a sua vida, ninguém, jamais havia convidado Willie para jantar. Na verdade, ninguém, a não ser sua mãe e seu pai, o chamara alguma vez para compartilhar coisa alguma. Sentimentos que Willie jamais soubera que existiam brotaram do seu coração. Todos o haviam empurrado para seu isolamento mais e mais profundo. Mas o homem quis compartilhar sua refeição com ele. E Willie partilhava de sua companhia com alegria. Pegou todo o dinheiro do bolso.
- Eu comprarei a sobremesa - anunciou Willie com satisfação. - Sorvete de limão, algodão-doce e biscoitos dente-de-leão!
Os dois comeram com prazer. Willie falou sem parar e o homem o ouviu em silêncio. Willie contou sobre o pai e a mãe, como a escola era dura, como ele desejava ter um amigo. Ele, então, encarou-o firme com seus olhos tristes e suaves, e teve coragem suficiente para perguntar:
- Você seria meu amigo, Senhor?
- Eu sou seu amigo - respondeu o homem que cura.
Inesperadamente, uma sensação de frio tomou conta do coração de Willie. Ele nunca tivera um amigo. E se ele não soubesse ser um amigo? O homem era tão generoso e bom, tão gentil e amoroso. "Com certeza, vou fracassar e aí perderei o único amigo que já tive", pensou Willie.
- Oh, senhor - o menino pediu em seu medo -, por favor, me diga o que significa ser um amigo! Eu quero tanto aprender.
- Não aflija seu coração, irmãozinho. Eu lhe direi o tipo de amigo que sou e, então, você poderá decidir por si mesmo que tipo gostaria de ser. Willie, se eu lhe disser palavras bonitas, capazes de fazer você se sentir importante, mas não amá-lo, não serei seu amigo. Se eu compartilhar me conhecimento com você, de forma que compreenda todos os mistérios do universo, mas não amá-lo, não serei de forma alguma seu amigo. Se eu der toda a minha comida para alimentar sua família e cuidar de todas as suas necessidades, mas não amá-lo, não serei seu amigo.
O homem continuou:
- Irmãozinho, serei sempre paciente com você. Serei sempre gentil com você. Nunca sentirei ciúmes de seus outros amigos. Embora eu seja o único filho de meu pai, nunca tentarei ser superior. Nunca serei esnobe, nem rude. Não vou tirar vantagem de você para conseguir o que puder. Não me irritarei à toa. Não ficarei chocado quando você me desapontar. Não me alegrarei com seus erros, mas ficarei feliz quando você for sincero comigo. Não existe limite para meu perdão, para minha confiança e esperança em você, para minha capacidade de suportar todas as provas de amizade em relação a você.
E o homem disse mais:
- Willie, ouça com atenção agora. Nunca trairei sua confiança. As profecias desaparecerão, as línguas cessarão, o conhecimento passará, mas eu não o esquecerei. Jamais deixarei de ser seu amigo. Irmãozinho, talvez sua memória não seja tão boa. Se você esquecer tudo, não esqueça de que há três coisas duradouras na amizade, fé, esperança e amor. E a maior delas é o amor.
Willie ouviu atentamente.
- É tão bonito, senhor - disse, balançando a cabeça. - Mas tenho medo de nunca poder ser um amigo assim. Sou muito fraco, muito feio, muito mal-humorado, muito bobo.
- Por isso lhe dei meu elixir especial, irmãozinho. Esfregue três gotas em seu coração toda noite. A primeira gota chama-se "perdão", a segunda, "aceitação", e a terceira, "alegria". Faça isso e saiba que será abençoado.
Então o homem abriu seu sorriso mais amoroso e partiu. Willie correu, saltou, pulou e dançou durante todo o caminho de casa. Quando chegou, foi para seu quarto, fechou a porta e se ajoelhou ao lado da cama. Abriu a garrafa e começou a esfregar a primeira gota, o perdão para os outros, em seu coração. Era muito doloroso, pois as outras crianças o haviam magoada profundamente.
Mas logo uma coisa maravilhosa aconteceu: Willie tornara-se tão aberto pela amizade do homem que as gotas de líquido laranja não repousaram sobre o peito - na verdade, entraram em seu coração. O que normalmente levaria anos para o Espírito do homem que cura operar num coração comum, aconteceu num instante no coração aberto, inocente e transparente de Willie. Toda angústia a respeito de sua perna, das grandes manchas, tudo desapareceu. E Willie começou a orar alto:
- Oh, El Shaddai, meu amigo, não me deixe. Você pode pedir qualquer coisa de mim. Tudo o que desejo é você. Apenas ande ao meu lado, segurando a minhã mão, em razão de nossa amizade e da alegria de estarmos juntos. Mesmo que você me faça passar por uma provação a respeito da cura de minha perna e das grandes manchas, não me importarei. Ficarei contente em ser uma truta malhada, se apenas você estiver comigo. Lembro-me do que você disse ser o mais importante. Eu o amo, meu amigo. Faça aquilo que você quiser. Somente não me abandone. E nunca permita que eu o abandone.
Veja, depois que o Espírito do homem que cura entrou no coração de Willie e percorreu o seu ser, os olhas foram abertos para perceber quanto a vida seria vazia sem seu amigo. Esse pensamento de tal modo abalou sua mente e intimidou seu coração que Willie nunca mais foi o mesmo. Mas também lhe abriu os olhos para ver que, no fundo de seu coração, ele tinha de fato somente um desejo ardente, não pelas coisas que o novo amigo havia prometido, mas pelo próprio homem que cura.

Texto extraído do livro "Um convite à loucura", de Brennan Manning, ed. Mundo Cristão (pág. 80 a 85). Recomendo totalmente a compra e leitura dessa preciosidade.

Questões, distrações, desejos..., meditando.

By : Kadu
vista do fundo de casa, lugar seguro de meditação...

Há certas questões urgentes que todo cristão deve responder com total sinceridade. Você tem fome de Jesus Cristo? Você anseia passar um tempo sozinho com Ele em oração? Ele é a pessoa mais importante em sua vida? Ele preenche sua alma como uma canção alegre? Ele está em seus lábios como um grito de louvor? Ou Ele está sufocado por distrações, anulado pelo orgulho? Você consulta com ansiedade Suas memórias, Seu Testamento, para aprender mais sobre Ele? Você tem sede da água viva do Seu Espírito Santo? Você está se esforçando para morrer diariamente para qualquer coisa que iniba, diminua ou ameace sua amizade com Ele?
Para verificar onde você realmente está com o Senhor, recorde o que o entristeceu no último mês. Foi a consciência de que você não ama Jesus o suficiente? De que você não buscou sua face em oração com a frequência necessária? De que você não se importou com sua pessoa o bastante? Ou você ficou abatido por causa de uma falta de respeito, de uma crítica de uma figura de autoridade ou em razão de suas finanças, da falta de amigos de medos sobre o futuro ou pelo aumento de peso?
De modo inverso, o que o alegrou no último mês? Uma reflexão sobre a sua eleição para a comunidade cristã? A alegria de dizer suavemente: "Aba, Pai"? A tarde em que você se retirou durante duas horas levando só o evangelho como seu companheiro? Uma pequena vitória sobre o egoísmo? Ou as fontes de sua alegria foram um carro novo, uma roupa de grife, um grande evento, o sexo, um aumento salarial ou a perda de meio quilo em seu peso?
Quando todos os cristãos se rendem ao mistério do fogo do Espírito que queima por dentro; quando nos submetemos à verdade salvadora de que alcançamos a vida somente através da morte, assim como nos voltamos para a luz somente através das trevas; quando reconhecemos que o grão de trigo deve se enterrar no chão e morrer, assim como Jonas deve ser sepultado na barriga da baleia e o jarro de alabastro do "eu" deve ser quebrado para que os outros percebam a doce fragrância de Cristo; quando respondemos ao chamado de Jesus "venha a mim", então o poder ilimitado do Espírito Santo será liberado com surpreendente força na igreja e no mundo.
Mas isso só acontecerá se nos apartarmos da vida que estamos acostumados a viver, uma vida regida por nossos desejos de segurança, prazer e poder. São esses os desejos que nos impedem de reconhecer a verdade de nossa necessidade da misericórdia de Deus. São esses desejos que nos impedem de tirar os resíduos embaçadores de nossa vida sem Deus e nos obstruem a transparência.

Texto extraído do livro "Um convite à loucura", de Brennan Manning, ed. Mundo Cristão (pág. 59 e 60). Recomendo totalmente a compra e leitura dessa preciosidade.

Ouvindo Deus no berço...

By : Kadu

Ultimamente tenho pedido muito pra que Papai fale mais diretamente comigo. Tenho clamado mesmo, gritado, chorado..., num daqueles tempos que antigamente classificava de "deserto espiritual"..., ouvir a voz de Deus é como água gelada nesse deserto!
E ontem, mais ou menos meio-dia, estava orando e lendo um pouco no trabalho, quando ouvi claramente Ele me falando: "Kadu, vou falar contigo hoje, mas vai ser do jeito mais improvável e inesperado..., por isso fique atento." Logo pensei nas minhas crianças lá na creche (pra quem não sabe, trabalho como auxiliar de educação infantil numa creche da prefeitura de Vinhedo-SP), e que talvez Deus fosse me falar através delas. Fiquei atento praticamente a tarde toda mas..., nada!
Cheguei em casa e ainda meio que desesperado (essa é mais uma boa palavra pra definir esse tempo que estou passando) fiquei insistindo com a Lily pra conversarmos no quintal. Queria desabafar, falar de tudo o que estava sentindo e, talvez, ouvir algo do "momento improvável do Pai". Mas..., nada!
Confesso que foi uma ótima conversa, mas parecia que a Lily sabia que Deus queria me falar diretamente e de uma maneira pouco comum, por isso ela foi uma ótima ouvinte, mas pouco falou.
Fomos dormir e pensei que poderia ter sido alguma coisa da minha cabeça. Embora já tivesse ouvido a voz dEle antes por diversas vezes e soubesse reconhecer essa voz, talvez, pelo momento que estou passando poderia ser algo da minha cabeça.
Lá pelas 5 e meia da manhã minha filha acordou reclamando. Ela tem estado com o narizinho escorrendo esses dias e acorda todas as madrugas por isso. Demorei um pouco pra levantar e quando fui pegá-la..., era o momento improvável.
Nossa filha dorme com a cabeça de um lado do berço e com a babá eletrônica do outro lado, pra ouvirmos ela do nosso quarto. Ela já se mexe bastante, se vira e tal..., mas nunca tinha se virado completamente como ontem. Ela já tinha se virado e estava com a mão na babá eletrônica. Naquela escuridão do quarto dela, a única coisa que dava pra ela ver era a pequena luz do aparelhinho ligado no canto de sua cama..., e ela seguiu essa luz até chegar pertinho dela.
Pronto! Aí estava o que o Paizão queria me falar! Eu, quase dormindo, cheio de sono, fiquei super ligado naquele momento. Yasmin também ficou, pois normalmente mama e logo volta a dormir, com a mamadeira na boca ainda. Mas ontem não, ficou ligada e acordada. Nisso, ninando ela pra dormir deu tempo pra pensar e meditar naquele momento.
O Deus que sempre espero que apareça e me fale de diversas formas, resolveu usar o mais improvável. Muito provavelmente, penso que foi pra me manter ligado, focado, atento..., coisa que há tempos não faço, confesso.
E através desse pequeno ato da minha filha, na madrugada cansada de ontem, falou muito comigo.
Tudo isso pra me dizer que o momento era de olhar pra única luz que tenho atualmente e correr pra ela. Não importa se está tudo escuro, deserto..., as coisas continuam ali, como continuavam todas as coisas no quarto da Yasmin, na nossa casa, porém, no escuro ela não consegue enxergar, e, clamando pelo pai ou pela mãe (demoramos pra levantar da cama e pegar ela!) ela viu a única luz presente e se revirou toda pra chegar até ela. O momento é esse: deserto e escuridão..., mas está tudo aí! Tudo aquilo que Papai já falou e já me fez viver ainda está aí..., e a lição pra agora é seguir em direção à única luz que tenho. Eu e Ele sabemos sobre essa única luz, o que isso quer dizer mais especificamente. Realmente é somente uma luz que tenho no momento, mas seguir em direção a essa luz pode ser como pra nossa Yasmin: era o lugar onde iríamos ouví-la reclamar mais alto e levantaríamos mais rápido pra ir até ela. Seguir em direção essa luz poder nos (eu, Lily e Yasmin) fazer perceber melhor nosso Paizão, que pode acender a luz do quarto pra enxergarmos tudo ao nosso redor, ou nos levar até o alimento necessário (mamadeira pra Yasmin).
Que eu possa obedecer essa voz, junto com minha família!
E você, como tem ouvido a voz de Deus? Talvez ele vá usar o mais improvável pra falar contigo também...
Afinal, muitas vezes é no cicio suave que ouvimos sua voz!

- Copyright © UM por todos... - Date A Live - Powered by Blogger - Designed by Johanes Djogan -